seg. jun 9th, 2025

Análise e Destaques do UFC 316: O Legado de Merab e a Superluta Harrison vs. Nunes

O UFC 316 encerrou, entregando um evento que superou as expectativas de muitos. Tivemos a defesa de título bem-sucedida de um campeão que busca consolidar seu lugar na história e a coroação de uma nova campeã que imediatamente se posiciona para uma das maiores lutas possíveis no MMA feminino.

No evento principal em Newark, New Jersey, Merab Dvalishvili defendeu o cinturão peso-galo masculino ao finalizar Sean O`Malley na revanche. Com duas defesas de título, Merab ascende rapidamente no ranking dos maiores de todos os tempos na categoria. No entanto, surge o debate: Merab Dvalishvili já pode ser considerado o “GOAT” (Melhor de Todos os Tempos) dos pesos-galos?

Mais cedo na noite, Kayla Harrison adicionou um título do UFC ao seu já lendário currículo, conquistando o cinturão peso-galo feminino ao finalizar Julianna Peña no segundo round. Essa vitória prepara o palco para uma aguardada superluta contra Amanda Nunes.

Diante de tantos acontecimentos importantes, especialistas em MMA discutiram os principais temas e resultados do UFC 316.

O Debate: Merab Dvalishvili já é o GOAT Peso-Galo?

A opinião se divide. Alguns argumentam que é cedo demais, considerando que ele tem apenas duas defesas de título, sendo uma delas uma revanche que alguns consideram desnecessária. Apontam que campeões de longa data, como Dominick Cruz (com três defesas no UFC e um legado na categoria), merecem mais respeito e que a consagração de GOAT deve ser comprovada ao longo do tempo, enfrentando e vencendo múltiplos desafiantes de ponta. A defesa de título é o teste mais difícil no esporte.

Outros, no entanto, afirmam que Merab já alcançou esse status devido ao nível elevadíssimo de seus oponentes recentes. Ele derrotou ex-campeões e contenders de elite como Jose Aldo, Henry Cejudo, Petr Yan, Umar Nurmagomedov e venceu Sean O`Malley duas vezes. Comparado à era de Dominick Cruz, onde alguns de seus grandes adversários eram originalmente pesos-moscas, a divisão peso-galo atual é vista como mais profunda e competitiva. A consistência e a dominância contra esses “selvagens” colocam Merab à frente, e cada vitória apenas fortalece esse argumento.

Há também a visão intermediária: Merab ainda não chegou lá, mas está muito perto. Sua sequência de vitórias é “insana”, e ele já superou vários ex-campeões. A vitória sobre O`Malley pela segunda vez, finalizando de forma dominante, solidifica sua posição. Se Merab vencer um contender de ponta como Cory Sandhagen de maneira convincente, a discussão de GOAT se torna praticamente irrefutável para muitos, superando o legado de Cruz, apesar das lesões que marcaram a carreira deste último.

Kayla Harrison vs. Amanda Nunes: A Luta que o MMA Feminino Precisava?

Essa superluta gerou grande entusiasmo. Após a vitória de Harrison sobre Peña, a encarada com a recém-aposentada Amanda Nunes elevou a expectativa para um dos momentos mais legais do ano. A categoria peso-galo feminino precisava de um impulso, e a luta entre a multicampeã olímpica e a “Leoa”, considerada por muitos a maior de todos os tempos no MMA feminino, é exatamente o que pode revitalizar a divisão e gerar grande interesse do público.

É uma luta que se especulava há anos e que agora se torna realidade. O potencial de marketing é enorme, podendo até ser o evento principal em grandes cards, como no Madison Square Garden, ou marcar a estreia do UFC em novas plataformas. Com Harrison no auge e Nunes retornando, o resultado é imprevisível, adicionando drama e questionamentos: Harrison evoluiu o suficiente para superar a GOAT? A pausa de Nunes a beneficiará ou prejudicará? Finalmente saberemos as respostas.

Quem Foi o Maior Perdedor do UFC 316?

Vários nomes surgiram na discussão. Patchy Mix foi citado por sua estreia decepcionante no UFC, onde foi dominado por Mario Bautista. Sua performance não mostrou seu esperado nível de grappling e ele parecia perdido na luta em pé, levantando dúvidas sobre seu teto na organização. Outra perdedora foi Julianna Peña, cuja derrota para Harrison a coloca em uma situação incerta na divisão, sem um caminho claro para uma revanche ou a trilogia contra Nunes.

Tom Aspinall também foi mencionado, pois a tão esperada luta contra Jon Jones parece cada vez menos provável, e a possibilidade de um retorno de Francis Ngannou ao UFC foi descartada, deixando-o sem adversários de grande apelo no curto prazo. No entanto, Sean O`Malley foi apontado por alguns como o maior perdedor. Com duas derrotas consecutivas para Merab Dvalishvili, o caminho para o título se torna muito difícil. Apesar de seu potencial de estrela, sem o cinturão e sem um rival de peso imediato, seu futuro na elite da divisão fica em um “limbo”.

Quem Foi o Maior Vencedor do UFC 316?

Mario Bautista foi um destaque inegável. Apesar de já ter sido alvo de críticas no passado, sua vitória dominante de 15 minutos sobre o badalado Patchy Mix foi impressionante, calando os céticos e mostrando que ele é um contender a ser levado a sério na categoria peso-galo.

Waldo Cortes-Acosta também foi mencionado como um potencial grande vencedor a longo prazo. Com a maior sequência de vitórias na divisão peso-pesado atualmente, ele se aproxima de enfrentar adversários do Top 10 e uma vitória pode rapidamente colocá-lo na disputa pelo cinturão, considerando a falta de sangue novo na elite da categoria.

Kevin Holland foi outro nome lembrado, não só por sua vitória sobre Vicente Luque mas por todo o buzz gerado em torno dele no evento. Sua habilidade em criar engajamento nas redes sociais, sua performance na luta e o desafio direto a Colby Covington solidificam seu posicionamento como um lutador que prioriza “fazer dinheiro” e entreter, tornando-se uma figura única e popular no esporte.

Por fim, de forma curiosa, o árbitro Vitor “Shaolin” Ribeiro foi declarado um “GOAT” pelos seus pares por ter feito algo raro no MMA: deduzir um ponto de Julianna Peña por chutes ilegais. Em um esporte onde árbitros hesitam em punir faltas, a atitude de Shaolin foi elogiada por impor as regras de forma rigorosa e justa, mesmo em uma luta de alto nível.

By Ítalo Montero

Ítalo Montero - jornalista experiente de Fortaleza, especializado em cobertura de MMA e Jiu-jitsu Brasileiro. Em 12 anos de carreira, realizou centenas de entrevistas com lutadores do UFC e Bellator.

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