Curtis Blaydes, um nome constante no top 5 da categoria peso-pesado do UFC, causou surpresa ao ter sua próxima luta agendada contra Rizvan Kuniev, um adversário relativamente desconhecido.
Não se questiona a habilidade de Kuniev, mas esta será sua estreia no UFC, após participar do Contender Series, fazer uma aparição no PFL e cumprir um ano de suspensão por um teste antidoping positivo para múltiplos esteroides. Blaydes admite que desconhecia todo esse histórico, pois nunca tinha ouvido falar de Kuniev até o UFC mencionar seu nome como possível oponente.
“Eu hesitei um pouco, mas como sempre digo, o pagamento é o mesmo, seja lutando contra Jon Jones ou um estreante”, disse Blaydes. “O dinheiro é igual, então eu sempre aceito.”
“Eu precisei pesquisar sobre ele no Google. Assisti à luta dele no Contender Series, que foi a única que vi. Ele parece ser um peso-pesado tradicional – golpes potentes, buscando o nocaute rápido.”
Ao pesquisar sobre Kuniev, Blaydes descobriu a suspensão imposta pela Comissão Atlética de Nevada após o lutador testar positivo para um coquetel de substâncias proibidas. O teste antidoping de Kuniev detectou drostanolona, metenolona, boldenona e 19-norandrosterona, todos esteroides anabolizantes.
Essa informação poderia gerar preocupação antes de uma luta, mas Blaydes não se abalou.
“Eu também ouvi falar disso”, disse Blaydes sobre a suspensão de Kuniev. “Quem sabe se isso faz parte da estratégia. Talvez ele precise eliminar essas substâncias do organismo, mas ouvi rumores semelhantes sobre [Jailton] Almeida e ele é muito forte e habilidoso, mas esteroides não farão tanta diferença. Não serão suficientes.”
“Mesmo que ele esteja usando algo, não acredito que isso o ajudará a defender quedas ou absorver golpes. Para mim, tudo bem, mesmo que ele esteja usando algo.”
Talvez o maior perigo nesta luta seja Blaydes entrar no UFC 313 como um grande favorito, não apenas por seu histórico, mas também por enfrentar um novato no octógono.
As expectativas são altas para que Blaydes domine Kuniev, mas ele aprendeu há muito tempo que nem sempre o esperado acontece.
“Acho que uma das vantagens de vir do wrestling é essa”, explicou Blaydes. “Já estive nessa posição antes, quando era júnior no ensino médio, altamente ranqueado, número 4 no estado, e enfrentei um cara desconhecido. Entrei lá brincando com ele, derrubei algumas vezes, deixei ele levantar, estava menosprezando, e fui pego em um mata-leão e finalizado por um peso-pesado desconhecido e não ranqueado.”
“Depois disso, nunca mais encarei nada no esporte pensando ‘Ah, esse cara é fraco’. Ele está aqui por um motivo. Ele deve ter alguma habilidade. Não vou deixar de abordá-lo com o respeito que ele merece. Ele está aqui. Ele está no UFC. Eles não trazem pesos-pesados sem habilidade. Estou encarando como se ele tivesse capacidade de me vencer, o que ele tem. Isto é peso-pesado. Basta um golpe de sorte e tudo acaba.”
Embora Blaydes não tenha se incomodado com o fato de o UFC ter lhe oferecido um estreante, ele inicialmente tinha outro oponente em mente.
Vindo de uma derrota por nocaute para o atual campeão interino peso-pesado Tom Aspinall em julho passado, Blaydes acreditava que uma luta contra Ciryl Gane seria o confronto mais lógico, mas ele também não criou muitas expectativas de que isso aconteceria.
Blaydes nunca se considerou um provocador e não busca confusão, mas ele tem provas para sustentar sua crença de que Gane não tem interesse em enfrentá-lo.
“Normalmente não faço isso, mas ele recusou – ouvi isso da minha equipe conversando com Hunter [Campbell], que cuida dos contratos e negociações dos [pesos-pesados], ele me recusou três vezes nos últimos quatro anos”, revelou Blaydes. “Lembro que pedi ele originalmente em 2021 e me deram Volkov. Eu o quis novamente depois dessa luta e me deram Derrick Lewis. Eu pedi ele algumas vezes.”
“Originalmente, era ele quem eu queria depois da luta com Aspinall. OK, acho que vou tentar o Gane e ele acaba lutando com Volkov. Acho que nunca vamos lutar, infelizmente.”
Por mais que o incomode o aparente desinteresse de Gane na luta, Blaydes entende a lógica, pelo menos com base em como ele imagina o confronto.
“Nós entendemos o porquê”, disse Blaydes. “Se eu entrar lá e dominá-lo, ele perde muita popularidade. A aura do francês que faz coisas extravagantes. Se me virem entrando lá e aplicando quedas e cotoveladas até deixá-lo inconsciente, isso meio que remove a popularidade dele. Então eu entendo.”
“É chato porque acho que seria uma ótima luta para mim. Se eu o vencesse, isso seria suficiente para conseguir outra chance pelo título. Vencer o cara que vou enfrentar agora, é difícil dizer. Ele não tem valor como nome agora. Eu nem sei o nome dele. Rizvan Kuniev? No momento, ele não tem muito valor.”
Vencer Kuniev pode não trazer muitos benefícios a longo prazo, além de ganhar outro pagamento, mas Blaydes se orgulha de não ter rejeitado a oferta quando o UFC o procurou.
Ele ainda não está perto de encerrar a carreira, mas Blaydes mantém a cabeça erguida sabendo que, quando chegar o dia de finalmente pendurar as luvas, ninguém poderá dizer que ele fugiu de uma luta.
“Esse é um legado do qual me orgulharei”, disse Blaydes. “Não me orgulharei dos nomes que venci. Mas sim de nunca ter dito não. Nunca mesmo.”

