Jon Jones pode ser considerado o maior lutador da história do esporte, mas para consolidar seu legado no peso-pesado, precisa encarar Tom Aspinall.
Quem afirma é Curtis Blaydes, que perdeu para Aspinall em julho, em uma disputa de cinturão interino que ocorreu enquanto Jones se recuperava de lesão e se preparava para o confronto com Stipe Miocic, em novembro. Jones dominou Miocic e venceu por nocaute no terceiro round, naquela que foi a luta de despedida do ex-campeão peso-pesado.
Essa foi a segunda vitória de Jones no peso-pesado, após um desempenho ainda mais dominante contra Ciryl Gane em 2023, com finalização no primeiro round. Mas Blaydes não acha que essas vitórias provaram muita coisa.
“A gente não sabe [o quão bom Jon Jones é no peso-pesado]. Eu, particularmente, não acho que sabemos”, disse Blaydes ao MMA Fighting. “Não foram testes de verdade. Ele pode ser o GOAT, mas não o GOAT dos pesos-pesados. O GOAT dos pesos-pesados, mesmo tendo perdido para ele, pra mim ainda é o Stipe. Porque o Stipe, no auge, era especial, mas isso foi há uns cinco, seis anos.”
“A única forma de o Jon ganhar meu respeito – e sei que ele não liga pro meu respeito – mas a única forma de eu pensar ‘é, esse cara é o GOAT dos pesos-pesados’ é ele ganhar do Aspinall. Pra ser o melhor, tem que lutar com os melhores.”
A crítica de Blaydes sobre as vitórias de Jones no peso-pesado se concentra nos adversários.
Gane, apesar de ex-campeão interino, tem como ponto fraco a luta agarrada. Francis Ngannou o derrubou várias vezes em uma disputa de título, e Jones precisou de pouco mais de dois minutos para finalizá-lo com uma guilhotina.
Já sobre Miocic, Blaydes só tem elogios. No entanto, é inegável que aos 42 anos e vindo de quase quatro anos de inatividade, ele não apresentou sua melhor performance contra Jones.
“Aquele não era o Stipe que venceu Alistair Overeem, Fabricio Werdum e tantos outros grandes pesos-pesados”, comentou Blaydes. “Era um cara com um pé na ativa e outro na aposentadoria. E tudo bem, sem desmerecer o Stipe. Ele é Hall da Fama. Teve uma carreira incrível. Não tem que abaixar a cabeça de jeito nenhum. Perdeu pro Jon Jones, acontece. Faz parte.”
Sobre Aspinall, Blaydes reconhece e elogia suas habilidades, após tê-lo estudado em dois camps de treinamento para enfrentá-lo.
O confronto mais recente entre eles durou apenas um minuto, quando Aspinall acertou um golpe que nocauteou Blaydes. É esse poder de decisão, somado ao atletismo impressionante de Aspinall para um peso-pesado, que convencem Blaydes de que ele será um problema para qualquer um – inclusive para Jones.
“Ele é muito rápido, muito atlético e tem pegada”, disse Blaydes sobre Aspinall. “E ele é um peso-pesado inteligente. Não fica só se esquivando e andando pra trás. Ele arma as coisas. Entende de movimentação. Sabe como preparar uma queda. Uma coisa que eu noto no Jon, que é um bônus pra ele, é que ele aproveita as brechas. Se você deixar ele pontuar fácil, ele vai pontuar. Faz tempo que ninguém força ele a fazer algo diferente, a não ser pegar o que tá mais fácil.”
“Acho que o atletismo do Tom anularia muita coisa fácil. Isso forçaria o Jon a se expor. A última vez que a gente viu o Jon ter que se expor foi contra o Dominick Reyes, talvez. Foi a última vez que vimos alguém que conseguiu tirar o jogo fácil dele, porque apresentou algo diferente. Ele veio na base canhota e soltou uns chutes altos ali. É isso que vai ser preciso. Por isso que eu acho que o Aspinall, não tô dizendo que ele vai lutar na base canhota, mas ele apresenta problemas diferentes que tiram o jogo fácil. Acho que essa é a chave.”
A capacidade de Aspinall de finalizar qualquer luta com um golpe também é um problema novo para Jones, e Blaydes não tem certeza se o ex-campeão dos meio-pesados tem o mesmo poder de nocaute.
“É peso-pesado. Não precisa de muita coisa pra nocautear”, explicou Blaydes. “Se ele conseguir forçar o Jon a trocar no centro do octógono, é luta pra qualquer um. Peso-pesado é assim. Quem acertar primeiro… E eu não sei se o Jon tem poder de peso-pesado.”
“A gente nunca viu isso e, mesmo nos meio-pesados, não lembro dele nocauteando alguém com um soco só. Sempre foram vários golpes. Acho que essa vai ser a diferença. Não acho que o Jon tenha pegada de peso-pesado, e acho que o Aspinall tem.”
Por Jones ter sido tão dominante na maior parte da carreira, Blaydes acredita que as dúvidas de Aspinall sobre a possibilidade de vencer essa luta podem ajudar a fazer o combate acontecer.
Somando o investimento do UFC, com uma bolsa generosa para Jones, Blaydes acredita que ele vai acabar fechando negócio para enfrentar Aspinall em 2025.
“Por isso que eu boto fé que vai rolar”, afirmou Blaydes. “Porque pro Jon, ele vai recusar – sei lá quanto tão oferecendo pra ele – mas com certeza tão oferecendo uns milhões. Vai recusar milhões pra fazer o quê? Se não lutar com o Aspinall, vai fazer o quê? Aposentar? É sempre uma opção, mas ele não parece velho, não parece lento, então por que não pegar a grana e defender o cinturão?”
“Não entendo essa demora. Porque com certeza tão oferecendo uma grana alta pra ele. Não sei o que mais podem oferecer, talvez uma parte da empresa pra ele aceitar a luta. Seria uma das maiores lutas do UFC dos últimos anos, e o Jon tá ficando velho. Não dá pra espremer muito mais essa laranja, tem que aproveitar enquanto tá rendendo.”