O UFC é conhecido por ter negociado alguns “quase acordos” que nunca se concretizaram, e parece que o ex-dono da WWE, Vince McMahon, que caiu em desgraça, esteve no centro de afundar pessoalmente um dos maiores.
Em 2011, o UFC estava trabalhando em um novo acordo de direitos de transmissão depois de superar sua casa anterior no Spike TV e havia mais de algumas partes interessadas envolvidas. No final, o CEO do UFC, Dana White, diz que foi a NBC que veio à mesa com a melhor oferta, e os dois lados estavam apenas acertando alguns detalhes finais antes de finalmente assinar um contrato.
“Então, eu estava na linha de uma jarda, estávamos prestes a fechar um acordo com a NBC”, disse White no podcast What’s Your Story de Stephanie McMahon. “Um dos meus grandes pontos de acordo era que The Ultimate Fighter tinha que estar no USA [Network]. Nós estávamos literalmente em Nova York por dias negociando com todos os executivos de lá. Finalmente, eles voltam e dizem ‘nós faremos isso, vamos colocar The Ultimate Fighter no USA.’”
“Então, no dia seguinte, voltamos e estamos prestes a assinar o acordo e fazer tudo isso, e eles dizem ‘não podemos acreditar nisso, não sabíamos disso, acabamos de descobrir — Vince McMahon tem o direito de determinar se outro esporte de combate pode entrar no USA.’ Eu fiquei tipo o quê? Como isso é possível?”
Na época, a WWE era um dos maiores programas exibidos no USA Network com sua série principal Monday Night Raw. McMahon exercia controle total sobre a promoção, mas descobriu-se que ele realmente tinha o poder de vetar qualquer outro esporte de combate de aparecer na mesma rede.
Isso forçou White e o ex-dono do UFC, Lorenzo Fertitta, a voar para os escritórios da WWE para se encontrar com McMahon na esperança de fechar um acordo para que a promoção pudesse assinar o acordo com a NBC.
“Então, eu e Lorenzo dissemos que voaríamos para Connecticut e nos encontraríamos com Vince e veríamos se conseguiríamos fazer isso”, explicou White. “Nós voamos, vamos aos escritórios, entramos com [Vince] e nos sentamos, explicamos para ele, contamos a história e ele diz ‘sim, eu não quero vocês na rede.’ Nós perguntamos por quê? [Ele disse] ‘Eu simplesmente não quero vocês nela.’”
“Então, isso explodiu todo o acordo com a NBC. Nós realmente íamos comprar a G4. Nós íamos comprar a G4 e todas essas outras coisas malucas. Então, pegamos o telefone, ligamos para Eric Shanks e voamos para Los Angeles e fechamos o acordo com a FOX. O resto é história.”
G4 era uma rede dedicada principalmente a videogames com séries como Attack of the Show, onde futuras estrelas como Olivia Munn começaram.
Uma vez que McMahon vetou o acordo, o UFC obviamente não acabou comprando a G4, nunca acabou trabalhando com a NBC e, em vez disso, foi para a FOX pelos próximos sete anos.
Se houve um lado bom em toda essa situação, White diz que acredita que comprar a G4 teria sido uma das piores ideias na história do UFC.
“A vida é louca dessas maneiras”, disse White. “Você não sabe o que teríamos feito ou como teria acontecido, mas acreditamos que se tivéssemos comprado a G4, isso teria nos matado.”
Apenas três anos depois que o UFC foi forçado a desistir de comprar a G4, a rede encerrou as operações e faliu com a NBC fechando-a.
O acordo do UFC com a FOX funcionou para ambos os lados antes que o gigante dos esportes de combate saísse em 2018 para então assinar um novo acordo de sete anos com a ESPN que valia cerca de US$ 300 milhões por ano. O UFC agora está de volta às negociações sobre um novo acordo de direitos de transmissão com a organização supostamente buscando cerca de US$ 1 bilhão por ano para o novo contrato.
Quanto a McMahon escolher afundar o acordo com a NBC, White acredita que essa era apenas sua natureza e ele decidiu que o UFC seria um rival em vez de um aliado.
“Eu acho que [Vince McMahon] tinha essa coisa em que ele tinha que criar essa [rivalidade]”, disse White. “Era a coisa dele.”
Curiosamente, McMahon mais tarde elogiou o UFC e os novos proprietários da Endeavor, quando a WWE foi vendida para a empresa liderada por Ari Emanuel, que fundiu as duas organizações em um conglomerado poderoso agora conhecido como TKO Group Holdings. McMahon acabou renunciando ao seu cargo na TKO depois que um processo explosivo foi movido contra ele por uma ex-funcionária alegando abuso sexual e tráfico, entre outras ofensas.
Orlando Paraguaçu