Quando Elora Dana entra no cage para lutar, ela é impulsionada pelos traumas de sua vida e pela fé em um futuro melhor que o esporte pode proporcionar.
Antes de entrar no cage do PFL em Wichita para sua segunda luta internacional, enfrentando Liz Carmouche nesta sexta-feira pelas semifinais do torneio peso mosca de 2025, a invicta atleta, que é ex-campeã peso mosca do Jungle Fight e uma das melhores promessas brasileiras, abriu o coração sobre suas muitas dificuldades em uma entrevista ao MMA Fighting.
Dana ficou órfã aos 11 anos, quando sua mãe perdeu a batalha contra o câncer. Ela tem oito irmãos em Tefé, uma pequena cidade localizada a 300 milhas de Manaus, Brasil, mas foi abandonada por sua família.
“Meu irmão mais velho me deixou sozinha no lugar onde morávamos com nossa mãe e foi morar com um tio em outro lugar”, disse Dana. “Ele nunca gostou muito de mim. Eu tinha que fazer tudo em casa, como lavar roupa, limpar a casa, fazer café da manhã e almoço. Eu tinha que fazer tudo. E ainda tinha que cuidar do meu irmão mais novo. E ele me deixava passar fome quando eu não fazia algo porque estava cansada.”
Dana contou que foi abandonada aos 12 anos, e “na maioria das vezes eu não tinha o que comer”. Não havia eletricidade onde ela morava, apenas uma cama e um pequeno armário, e essa memória ainda a assombra até hoje.
“Ainda me lembro de voltar para casa à noite e ter medo do escuro”, disse Dana. “Eu falava com Deus: ‘Por favor, me proteja de tudo. Me tire dessa situação. Me ajude. Mude minha vida. Não sei como será o futuro, mas esteja no controle. Me guie. Me proteja. Me dê a oportunidade de realizar meus sonhos e mudar minha vida para que eu não precise depender de outras pessoas.`”
Aos 9 anos – e já brigando constantemente nas ruas – o marido de sua prima a apresentou às aulas de grappling em uma academia local. Dana era destemida, mostrando um talento promissor que levou o treinador a ensiná-la de graça. Dana sentiu que nasceu para lutar, e que isso viria a salvá-la no futuro.
Anos se passaram, e Dana agora vive em Manaus sonhando em replicar seu sucesso no MMA no Brasil nos Estados Unidos. O prêmio de US$ 500.000 por vencer o torneio peso mosca do PFL seria um valor que mudaria sua vida, e Dana tem fé que será dela antes do fim do ano. A brasileira venceu Diana Avsaragova em sua estreia no PFL em abril para avançar nas chaves.
“Quando estou em uma luta, é como se eu assistisse a um filme dentro da minha cabeça de tudo que passei”, disse Dana. “Deus, não quero voltar para aquele lugar. Quero ser campeã. Quero vencer. Quero ganhar meu dinheiro. Infelizmente, esta é a única coisa que me propus a fazer. Estou naquele cage, mas estou orando o tempo todo, pedindo orientação e sabedoria. Eu não sou nada, Deus é tudo na minha vida.”
“Foi bem difícil. Apesar de todas as dificuldades que tive na infância, sempre tive um objetivo na vida”, continuou ela. “Eu queria uma vida boa, uma casa e algo para comer. [Estar no PFL] tem sido incrível, é extraordinário. Estar aqui é um sonho para mim. Sempre acreditei que minha hora chegaria, que Deus me abençoaria um dia. Foi um caminho difícil, mas graças a Deus conseguimos. Estou em uma das maiores promoções do mundo, e é surreal para mim. Nunca esperei que acontecesse, mas aqui estou graças ao meu trabalho árduo e coragem.”