Forrest Griffin frequentemente compartilha histórias sobre Stephan Bonnar e sua jornada inesquecível no The Ultimate Fighter, uma passagem que entrou para a história.
Sua luta em 9 de abril de 2005 é considerada uma das mais significativas na história do UFC. Uma verdadeira guerra que Griffin venceu por decisão, tornando-se campeão do torneio peso meio-pesado da primeira temporada do TUF. Desde então, o combate foi incluído na ala de Lutas do Hall da Fama do UFC e é amplamente reconhecido por ter desempenhado um papel crucial em impulsionar a promoção para o público mainstream.
Em uma aparição recente no podcast Verse Us, Griffin refletiu sobre sua amizade com Bonnar (que faleceu em 2022) e como o apelido “The American Psycho” lhe caía perfeitamente.
Griffin relembrou: “Nós viramos amigos. Ele era excêntrico, assim como eu. Ele era maluco. Ele me lembra um dos meus melhores amigos, que também já faleceu, mas ele era exatamente assim: tinha um bom coração, mas era insano. Ele falava: ‘Vamos fazer isso’, com a melhor das intenções, e eu pensava: ‘Essa é uma péssima ideia’. Especialmente quando você está na casa dos 20 anos, você gosta de alguém que te faz fazer coisas estúpidas. Ele era uma aventura. Era como uma aventura ambulante. Você o trazia para perto e ele dizia: ‘Ei, tive uma ideia’, e você respondia: ‘Essa é uma péssima ideia. Vamos fazer isso.’”
Griffin contou um incidente bizarro: “Estávamos entrando ou saindo de um bar quando três caras começaram a nos incomodar. Do nada, Bonnar, enquanto todos estávamos de roupa social, deu um chute na cabeça e nocauteou o que parecia ser o líder deles. Chute na cabeça. Estávamos de roupa social, entrando em uma boate, com gente por todo lado. Sim, Bonnar. Olhei para os outros dois caras com ele. Eles estavam em choque, eu estava em choque. Eu não sabia o que fazer, eles não sabiam o que fazer. Eles apenas pegaram o amigo e seguiram em frente. Nós apenas entramos na boate, tipo, ‘Espero que ninguém tenha visto isso’.”
A amizade entre Griffin e Bonnar não foi instantânea nos primeiros dias do programa. Mesmo antes de ficar claro que eles teriam que passar um pelo outro para vencer o torneio do TUF, a competição era feroz, e Griffin inicialmente irritou tanto Bonnar quanto o técnico da temporada, Randy Couture.
“Randy não gostou de mim logo de cara porque eu e o Stephan nos desentendemos”, explicou Griffin. “No ginásio antigo, havia o tatame, e eu pisei para fora dele enquanto o Stephan se aproximava. Eu reagi como se tivesse machucado o joelho, porque pisei fora do tatame, e ele me acertou com um 1-2 naquele momento. Eu pensei: ‘Ah, ok’. Então eu o clinchei e comecei a dar joelhadas nele, e demos uma cabeçada que causou um corte grande.”
Ele acrescentou: “Eu também fui muito duro com o [Mike] Swick, porque eu não sabia que ele era bom. Ele imediatamente me derrubou. Eu pensei: ‘Ah, ok’, então acabei jogando ele no concreto. Randy não gostou que eu fosse meio assim – mas você coloca as pessoas para fazer sparring, eu não conheço essas pessoas. De repente, as pessoas estão indo com tudo para cima de mim, estamos fazendo sparring, na primeira semana. É loucura, certo?”
No final, Griffin se tornou amigo próximo de Bonnar e até conquistou o respeito de Couture, com o multicampeão do UFC mais tarde convidando Griffin para treinar com ele após o término do TUF.
No entanto, o foco sempre volta para sua primeira luta com Bonnar, que foi memoravelmente transmitida ao vivo pela Spike TV. Como não era um evento pay-per-view, a primeira final do TUF conseguiu atrair muitos espectadores casuais ao longo da noite, especialmente quando ficou claro que Griffin e Bonnar estavam protagonizando um clássico instantâneo.
Na época, os dois estavam competindo por um contrato substancial com o UFC. Eles não tinham ideia de que aquela pequena luta na TV aberta ajudaria a moldar toda a indústria do MMA.
“Dava para sentir o chão tremer na grade”, disse Griffin quando perguntado se ele tinha alguma noção do impacto que sua luta com Bonnar teria a longo prazo. “Eu já tinha participado de grandes lutas, já tinha lutado diante de milhares de pessoas, já tinha lutado por todo o mundo naquela época, o que é muito bom, tipo, eu já tinha uma carreira antes de chegar ao UFC, o que é importante.”
Ele concluiu: “Mas não. A questão é que, depois daquela luta, eu sabia que minha vida tinha mudado.”
Orlando Paraguaçu