Pouco depois do início do evento principal do UFC 306 em setembro passado, o árbitro Herb Dean parou a luta após Merab Dvalishvili reagir aos gritos de instrução de Tim Welch, técnico principal de Sean O`Malley, durante o confronto.
Essa tática já havia sido usada por Welch quando O`Malley conquistou o título peso-galo com um nocaute no segundo round contra Aljamain Sterling, e ele repetiu a ação durante a luta com Dvalishvili. Dean advertiu o técnico por sua conduta, mas no fim, todos os gritos de Welch não impediram Dvalishvili de dominar em grande parte os cinco rounds e se tornar campeão do UFC.
Depois do combate, o técnico principal de Dvalishvili, John Wood, disse que respeitava muito Welch, mas chamou suas ações de “jogada de besteira”.
Agora, Dvalishvili e O`Malley estão escalados para uma revanche no evento principal do UFC 316 em 7 de junho, que acontecerá em Newark, Nova Jersey. A luta anterior ocorreu em Las Vegas, o que significa que uma nova comissão estará no comando desta vez. Embora não espere que nada que Welch diga sirva realmente como distração, Wood planeja avisar o árbitro antes da luta começar para que não haja surpresas.
“Claro, teremos essa conversa”, disse Wood. “Claro, será mencionado [ao árbitro] e acho que Tim fará isso de novo. Mas sinta-se à vontade para falar com Merab o quanto quiser. Isso só lhe deu mais motivação. Então, para mim, está bom.”
“Diga a Merab o que você quer que ele faça e ele fará. Não funcionou [da última vez]. Não vai funcionar de novo. Eu já disse isso antes, faça o que tiver que fazer para motivar seu lutador para o jogo, faça o que você pensa que tem que fazer como técnico para tentar tirar vantagem.”
Na verdade, os técnicos não têm permissão para gritar com o lutador adversário, mas Wood não espera que o árbitro tome alguma ação drástica contra Welch caso ele decida começar a falar durante o UFC 316.
Por sua parte, Wood entende a busca por toda e qualquer vantagem competitiva possível durante uma luta, mas ele promete que jamais se rebaixaria a esse tipo de ação para ajudar Dvalishvili a manter seu título.
“Eu realmente acho que isso é uma regra, você não deveria fazer isso, mas quero dizer o velho ditado: `Se você não está trapaceando, não está se esforçando`”, disse Wood. “Eu nunca sentiria que teria que falar com Sean ou qualquer outra pessoa com quem Merab esteja lutando para obter uma vantagem. Então, vá em frente. Se isso te rende mais acessos ou mais cliques no seu podcast ou TikTok, ou o que quer que esses caras façam, então ótimo para você. Ele teve muita repercussão com isso.”
“Não sinto nem jamais sentiria a necessidade de fazer nada disso por Merab ou por qualquer um dos meus lutadores. Mas, novamente, há muitas pessoas que tiveram carreiras de sucesso e trapacearam muito, e não estou dizendo que Tim está trapaceando – talvez apenas contornando as regras.”
Wood diz que não tem problemas pessoais contra Welch ou O`Malley, mesmo que gritar com o lutador adversário seja considerado ilegal. Ele simplesmente não vê por que essa tática precisa ser usada entre dois dos melhores lutadores do mundo, pois a considera uma distração desnecessária.
“Eu acho que Tim é um bom técnico. Gosto de Tim pessoalmente”, disse Wood. “Não me ofendo com isso. Acho estúpido? Absolutamente, mas acho que talvez eles pensem que funcionou para a luta [contra Aljamain Sterling], então é algo que vamos continuar fazendo, então vá em frente.”
“Mas falaremos com os árbitros sobre isso, embora eu não ache que será um problema de forma alguma.”
Em termos mais gerais, Wood acredita que os árbitros deveriam aplicar as regras com mais frequência durante as lutas, e isso vai muito além do técnico de O`Malley gritar com os oponentes de seu lutador.
Desde golpes ilegais na virilha até dedos nos olhos, faltas são rotineiramente marcadas durante as lutas, mas raramente penalizadas com a dedução de um ponto, e esse é um aspecto das regras que Wood nunca entendeu totalmente.
“Para falar sobre as penalidades, os árbitros sempre dizem nos bastidores `este é o seu primeiro aviso sério, se fizer isso uma vez, tirarei um ponto`. Ninguém nunca tira um ponto”, disse Wood. “Você basicamente tem que arrancar o olho de alguém ou chutar as bolas dela para sequer ter um ponto [deduzido]. Você chuta as bolas de alguém quatro vezes e só então talvez eles estejam falando sobre isso.”
“Há muita coisa com o critério de pontuação, o critério de arbitragem, e não estou criticando os árbitros. Os árbitros têm o trabalho mais difícil do mundo. Os árbitros, sinto pena deles, a porcaria que eles têm que passar.”