Kamaru Usman não gostou da rivalidade original entre Israel Adesanya e Dricus du Plessis.
Em 2023, quando Adesanya ainda era campeão peso-médio do UFC, “The Last Stylebender” se envolveu em uma rivalidade acalorada com o então ascendente desafiante Du Plessis sobre a questão de ser um campeão africano. Adesanya fazia parte dos “Três Reis”, junto com Usman e Francis Ngannou, que detinham títulos do UFC e eram do continente africano. No entanto, apesar de suas origens, Du Plessis, que ainda reside na África do Sul, sugeriu que Adesanya não era um verdadeiro campeão africano. Isso deu início a uma disputa que durou até o confronto final entre eles no UFC 305.
No final, Adesanya e Du Plessis resolveram a briga, concordando que todos eram campeões africanos. Mas, falando recentemente com Adesanya em seu canal do YouTube, Kamaru Usman admitiu que também se incomodou com as palavras de Du Plessis.
“Vou resumir assim: é profundo. É muito, muito profundo”, disse Usman. “Pode passar por cima da cabeça de muita gente. É muito, muito profundo. Mas aqui está a situação, e foi isso que me irritou. Obviamente, sou um africano americano negro e vejo como as coisas são, vejo como sou tratado, com ou sem questão de raça, não importa. Mas foi isso que me pegou.”
“Quando você chega e já existem três reis africanos, por que sua mentalidade, por que todo o seu processo de pensamento não é: `Cara, eu quero ser o quarto campeão africano`? Por que não é `Eu gostaria de ser o quarto campeão africano`? Você escolheu entrar nos holofotes e vir na direção de dizer: `Aquele cara, aquele cara e aquele cara não moram mais aqui. Eles não são campeões africanos`. E essa foi a única coisa que me irritou.”
Usman continuou dizendo que gosta de Du Plessis, chamando-o de “um cara legal” pelos encontros que tiveram ao longo dos anos. E chegou a especular que toda a situação pode ter sido um mal-entendido que explodiu, e que Du Plessis transformou isso em sua vantagem.
“Indo mais longe, obviamente você acaba de lutar ou está fazendo mídia e está empolgado, e tem aquela câmera na sua frente e começa a falar. Você pode não estar necessariamente dizendo ou querendo dizer as coisas da maneira que elas saem”, disse Usman. “… Então ele pode não ter necessariamente querido dizer aquilo daquela forma, mas as pessoas pegaram isso e seguiram. E ele viu uma oportunidade. `Essa é uma oportunidade para eu chegar lá e lutar por aquele título.` Ele construiu uma narrativa e foi lá, lutou pelo título, e mérito para ele, ainda temos um campeão africano.”
“Saímos da era dos Três Reis, mas isso não significa que esquecemos os Três Reis. Passamos para agora são quatro. Quatro Cavaleiros.”
Por ironia do destino, Du Plessis é o único lutador africano que ainda detém um título do UFC, com Adesanya e Usman tendo perdido seus cinturões, e Francis Ngannou deixando a promoção para a PFL. E para Usman, isso coloca Du Plessis em uma posição importante para carregar a tocha, o que ele espera que “Stillknocks” faça com um pouco mais de cautela daqui para frente.
“Respeito para ele. Eu gosto do cara, e ele é um campeão”, disse Usman. “Ele ainda é um campeão, e está defendendo. Ele está representando, está escrevendo a história e trazendo uma nova safra de caras. Muito poder, muito respeito. Apenas, com poder vem responsabilidade, e você tem que entender que qualquer coisa que você diga e a maneira como diz as coisas, as pessoas vão se agarrar a isso. Pode ser para o bem ou para o mal, e esse tópico acabou sendo algo para o mal.”
Orlando Paraguaçu