A lenda do jiu-jítsu brasileiro Marcus Buchecha está prestes a fazer sua estreia no octógono do UFC no final deste mês, enfrentando Martin Buday em 26 de julho no UFC Abu Dhabi. No entanto, o talentoso peso-pesado quase não chegou a este ponto em sua carreira no MMA.
Na verdade, ele considerou encerrar sua trajetória durante um período de conflito com sua antiga organização, o ONE Championship.
O 13 vezes campeão mundial de jiu-jítsu pela IBJJF e duas vezes medalhista de ouro no ADCC finalmente fez sua transição para o MMA em 2021, deixando para trás uma carreira histórica na luta agarrada para embarcar em um novo desafio. Buchecha assinou com o ONE e rapidamente despachou Anderson “Braddock” Silva em setembro daquele ano, acumulando um impressionante recorde de 4-0 com quatro finalizações no primeiro round em menos de um ano.
Então, as coisas tomaram um rumo inesperado.
Buchecha só retornou à ação 12 meses depois, perdendo uma decisão para o futuro campeão peso-pesado “Reug Reug” Oumar Kane. Mais uma vez, ele foi forçado a ficar inativo por um período ainda maior, enfrentando — e finalizando — Amir Aliakbari após uma pausa de 15 meses. Essa foi a última luta de seu contrato com a organização sediada em Singapura, mas ele ainda teve que esperar muito tempo antes de assinar com outra promoção de MMA.
“Foi difícil sair daquele contrato, mas conseguimos”, disse Buchecha ao MMA Fighting. “Fui lá e fui homem [de palavra], assinei um contrato de seis lutas e fiz todas as seis lutas e saí pela porta da frente. Mas agora, como você disse, estou livre. Estou animado para lutar. Faz um tempo que não entro em uma luta sem todo aquele estresse nos bastidores. Muitas pessoas só veem o que acontece quando você pisa no ringue ou na jaula e luta, mas há muita coisa acontecendo por trás das câmeras. É muito estresse. Faz mal para a saúde mental do atleta. Tive dias ruins, mas agora tudo isso é passado. Só vêm coisas boas pela frente.”
Buchecha deseja seguir em frente de seu relacionamento, por vezes complicado, com o ONE, e agradece a seu empresário Ali Abdelaziz por tê-lo guiado nesse processo. O peso-pesado da American Top Team afirmou que nunca lhe deram um motivo para o fato de não terem sido oferecidas lutas por muitos meses.
“Passou pela minha cabeça muitas vezes me aposentar porque eu não aguentava mais, aquilo estava me matando por dentro”, disse Buchecha. “Não ter luta e não poder lutar. Quando você tem um contrato assim, não só com aquela organização, quando você não pode nem lutar em outros esportes. Neste caso, imagine eu não poder nem competir no jiu-jítsu. Isso foi algo que me incomodou muito. Mas graças a Deus acabou. Foi bastante estressante, mas agora [estou] livre e pronto para os novos desafios.”
“Depois que terminei meu contrato, depois que fiz todas as seis lutas”, continuou ele, “tive que esperar aquele período de `matching` [período em que a antiga organização pode igualar ofertas], que todo contrato tem, mas eu já sabia o que queria, que não queria renovar com eles. E eu sabia que haveria algo lá fora para mim quando o contrato terminasse. Então fiz um camp focado no prazo do contrato. Eu sabia que seria apenas uma questão de tempo. Demorou oito meses, mas eu sabia que estaria livre depois de oito meses. E [após] assinar com o UFC, que era meu desejo e sonho, eu sabia que o UFC me colocaria para lutar rapidamente. Não à toa, meu contrato terminou agora e já estou lutando no final deste mês. Tem sido um sonho para mim.”
Buchecha fará sua estreia sob os holofotes do UFC dentro da Etihad Arena em Abu Dhabi, uma cidade onde ele brilhou muitas vezes no passado como grappler.
“Quando disseram que o UFC queria me contratar, eu disse: ‘Nem quero saber quando e contra quem, me arranjem uma luta’”, disse Buchecha. “[Buday] é ranqueado, ele é duro. Ele é um veterano no UFC porque já tem sete lutas e seis vitórias lá, então ele é muito duro. Ele tem muita experiência, bem mais do que eu no esporte, mas sou movido a desafios. Tenho certeza de que este será o maior desafio da minha carreira até agora, mas estou animado.”