O UFC 316 se aproxima neste sábado em Newark, Nova Jersey, trazendo consigo um card que gera intensos debates entre os fãs e especialistas. O evento principal apresenta a muito comentada revanche entre o campeão peso galo Merab Dvalishvili e Sean O`Malley. Para O`Malley, é a chance de se redimir após a derrota no primeiro confronto. O co-evento principal não fica atrás em importância, colocando frente a frente Julianna Peña e a badalada estreante Kayla Harrison em uma luta crucial pelo título peso galo feminino, com o potencial retorno de Amanda Nunes pairando sobre a vencedora.
Diante de um fim de semana de lutas com tantas camadas, analistas mergulham nas principais histórias e questionamentos que envolvem o UFC 316. Qual o nível real de interesse nesta revanche? O que está em jogo para o futuro da divisão peso galo feminino? E o que o restante do card reserva?
A Revanche Merab Dvalishvili vs. Sean O`Malley 2: Desinteresse Inicial vs. Altas Apostas
A expectativa para a revanche entre Merab Dvalishvili e Sean O`Malley divide opiniões. Alguns especialistas confessam que a empolgação inicial era baixa, considerando a forma como o primeiro confronto se desenrolou – uma vitória clara de Dvalishvili por decisão. No entanto, à medida que o evento se aproxima, o interesse cresce devido às altas apostas para ambos os lutadores.
Para Dvalishvili, uma nova vitória sobre O`Malley solidificaria ainda mais seu status como um dos maiores pesos galo de todos os tempos, talvez até o maior para alguns. Uma derrota, porém, poderia complicar essa narrativa que muitos já começam a construir. Para O`Malley, uma segunda derrota consecutiva contra o mesmo oponente levanta sérias questões sobre seu caminho futuro na divisão. Ele seguiria o caminho de Rich Franklin e subiria para o peso pena, como sugerido por alguns analistas? Ou adotaria a estratégia de Max Holloway, dominando outros desafiantes para garantir uma futura nova chance pelo título? O cenário pós-luta para O`Malley é particularmente fascinante.
Outros apontam que, apesar das reservas iniciais e do fato de a primeira luta não ter sido um espetáculo (descrita como “chata” por alguns), o cenário atual da divisão peso galo não apresentava um desafiante óbvio e mais atraente no momento. Nomes como Umar Nurmagomedov ainda não estavam totalmente posicionados, e outras opções já haviam lutado contra Merab ou não empolgavam tanto. Assim, apesar da polêmica sobre o merecimento da revanche imediata, esta se tornou a opção mais viável para a organização, mesmo que a contragosto de parte do público.
Entretanto, há uma perspectiva mais crítica que considera esta uma das piores decisões de luta pelo título na memória recente. O argumento é que O`Malley não fez o suficiente – apenas uma defesa de título bem-sucedida contra um oponente que ele já havia vencido – para justificar uma revanche imediata após ser claramente derrotado por decisão. A natureza da luta anterior, focada no controle e no desgaste por parte de Dvalishvili, também gera ceticismo sobre se a revanche será mais empolgante ou apenas uma repetição do que já foi visto.
A performance de Merab Dvalishvili, embora inegavelmente eficaz e dominante (levando-o a ser considerado por muitos o melhor peso galo atual), não é vista como “interessante” por todos. Seu estilo focado em controle, quedas e pressão constante, visando mais cansar o oponente do que finalizá-lo de forma espetacular, é comparado a táticas que, embora vitoriosas, não cativam o público da mesma forma que um lutador finalizador ou nocauteador. Para alguns, assistir a Merab lutar é como ver uma “competição de cardio”, o que diminui o entusiasmo, apesar de reconhecerem sua genialidade tática e sua capacidade de “quebrar o jogo” dos adversários.
O Estado da Divisão Peso Galo Feminino: Salvação Iminente ou Declínio Irreversível?
A discussão se estende para o co-evento principal e o estado da divisão peso galo feminino. A luta entre Julianna Peña e Kayla Harrison gera curiosidade e é vista como crucial, mas a saúde geral da categoria é fortemente questionada. Há quem acredite que a divisão “talvez não seja a mais atraente” no momento, mas que uma campeã dominante e empolgante como Kayla Harrison poderia, com o tempo, injetar novo ânimo.
Pontos de esperança incluem a resiliência e determinação de Julianna Peña, que pode surpreender e tornar a rivalidade duradoura com Harrison, e o potencial de grandes “superlutas”. Um confronto entre Kayla Harrison e a aposentada Amanda Nunes, uma possibilidade real caso Harrison vença e Nunes decida retornar, é visto como um evento principal digno de pay-per-view e um momento de grande interesse. Além disso, a ideia de Valentina Shevchenko subir de peso após um possível confronto no peso palha para enfrentar Harrison também é levantada como um cenário positivo que poderia gerar buzz para a divisão.
No entanto, uma visão mais sombria descreve a divisão como “morta”, mantida artificialmente viva. A falta de novos talentos emergentes e a escassez de lutadoras ativas e ranqueadas são apontadas como problemas crônicos. Rankings que ainda incluem lutadoras com pouca atividade recente ou vitórias antigas são citados como prova da falta de profundidade na categoria. A sugestão radical, vinda dessa perspectiva pessimista, é que, caso Kayla Harrison vença, a luta contra Amanda Nunes seja promovida como o confronto final pelo cinturão peso galo feminino antes de a divisão ser temporariamente desativada, revivendo-a apenas no futuro, se houver um novo fluxo de talentos capazes de sustentar a categoria.
Uma perspectiva intermediária concorda que a divisão precisa de uma “salvação de curto prazo”, possivelmente através do retorno de Amanda Nunes, que parece condicionado a uma vitória de Harrison. A luta entre Peña e Harrison é vista como mais competitiva do que muitos imaginam, com Peña tendo chances consideráveis caso consiga levar Harrison para águas mais profundas numa luta longa, testando sua experiência no MMA. Contudo, mesmo que a luta principal e co-principal gerem interesse imediato, a falta generalizada de lutadoras no ranking continua sendo um “enorme problema” para o futuro a longo prazo da categoria.
Destaques e Surpresas do Card Preliminar: Onde Encontrar Emoção Fora das Lutas Principais
Ao examinar o restante do card do UFC 316, a impressão geral para alguns é de que, tirando as duas lutas principais, o evento carece de combates de alto nível amplamente reconhecidos, com muitas lutas consideradas menos relevantes para o cenário das divisões. A estratégia de focar a promoção quase exclusivamente nas lutas pelo título é notada, deixando o “sub-card” com menos brilho.
Apesar da aparente fraqueza, algumas lutas no card “secundário” chamam a atenção por seu potencial. Vicente Luque contra Kevin Holland é apontada como um potencial ponto alto de ação. Embora Luque seja um veterano com muitas batalhas e que já deu sinais do desgaste do tempo, ele ainda é um lutador perigoso e quase sempre tende a protagonizar lutas animadas. Kevin Holland, que teve passagens menos sucedidas no peso médio, retorna ao peso meio-médio, onde é mais eficaz e confortável. A expectativa é de um confronto divertido e imprevisível, com Holland sendo o favorito, mas que pode ser o último momento de grande entretenimento na noite fora as lutas principais.
Outro destaque, talvez mais conhecido pelos fãs “hardcore”, é o confronto entre Mario Bautista e Patchy Mix. Mix, ex-campeão peso galo do Bellator, chega ao UFC com grande expectativa sobre seu potencial de impacto na divisão. Esta luta contra Bautista é crucial para determinar seu futuro na organização; uma vitória dominante, especialmente se for por finalização ou nocaute, pode catapultá-lo instantaneamente para a conversa por disputa de título peso galo do UFC. Por outro lado, uma derrota o posicionaria como um lutador de elite, mas fora do topo imediato, talvez um nome constante no top 10, mas sem um caminho claro para o cinturão. Considera-se que nenhum lutador no card, fora os protagonistas das lutas principais, tem tanto em jogo quanto Patchy Mix.
Para quem busca uma aposta em talentos menos badalados com potencial de ascensão, a luta entre Azamat Murzakanov e Brendson Ribeiro é sugerida. Murzakanov é um grande favorito neste confronto e é visto como um nome a observar na escassa divisão dos meio-pesados do UFC. Apesar de seus 36 anos, um desempenho convincente contra Ribeiro poderia colocá-lo em uma posição favorável para uma disputa de título em um futuro próximo, talvez em 2026, dado o estado atual da categoria. A luta, embora enterrada nas preliminares, pode servir como vitrine para um futuro desafiante.