Valter Walker fez história na categoria peso-pesado do UFC ao conseguir duas finalizações consecutivas por chave de calcanhar, um feito inédito que ele pretende tornar sua marca registrada na organização.
Em agosto de 2024, Walker finalizou Junior Tafa no primeiro round do UFC 305. Seis meses depois, Don’Tale Mayes também bateu em apenas 77 segundos contra ele. Agora, o peso-pesado brasileiro está pronto para enfrentar Kennedy Nzechukwu neste sábado no UFC Nashville e revelou que o veterano Rousimar Palhares é uma inspiração para esse tipo de finalização.
“‘Toquinho’ pegava todo mundo com esse golpe,” afirmou Walker. “Eu assisto aos melhores momentos dele desde que tinha uns 14, 15 anos. Sou um fãzão dele. Nunca imaginei que seria conhecido por esse movimento, muito menos comparado a ele. Sou fã dele. Ele é um ídolo para mim. Era algo que eu fazia muito na academia, mas nunca tive coragem de aplicar em uma luta.”
Palhares, um veterano do UFC e ex-campeão meio-médio do World Series of Fighting, conquistou 16 de suas 19 vitórias no MMA por finalização, incluindo 10 chaves de calcanhar. Ele se tornou uma figura controversa no esporte por supostamente prolongar demais as finalizações, o que levou à sua saída do UFC e do WSOF.
“Eu não acho que alguém faça melhor que eu, especialmente no peso-pesado,” afirmou Walker. “Quando a pessoa fica com muito medo de uma coisa, é o que acontece. [Nzechukwu] com certeza está treinando isso. Eu acho que isso vai abrir mais brechas para eu entrar com a mão ou tentar outra coisa. Eu acredito que ele vai estar tão preocupado com a queda e com o chão, que ele vai acabar dando um vacilo, e isso vai me dar uma oportunidade.”
Walker mencionou que é difícil treinar esse movimento na academia, pois um segundo a mais pode resultar em uma lesão séria, e por isso, ele mudou a maneira como pratica o ataque.
“Eu machuquei um amigo na academia porque ele tentou defender e parou de rolar,” disse Walker. “Ele rolou, eu rolei, e aí achei que ele ia rolar de novo, mas ele não rolou. Esse golpe é muito perigoso. Quando eu faço na academia e meus amigos defendem, é porque eu não coloco força. Eu parei de colocar força na academia depois que machuquei esse meu amigo.”
Valter Walker se tornou um queridinho dos fãs no cenário brasileiro de MMA por suas postagens bem-humoradas nas redes sociais, e disse que alguns membros de sua equipe — até mesmo a esposa — tentaram convencê-lo a criar uma persona mais assustadora.
“Eu queria me portar como aquele cara mau que machuca, que impõe medo nos outros, mas eu não sou esse cara,” disse Walker. “Minha esposa e meu treinador querem que eu pare de brincadeira e me porte de um jeito que as pessoas sintam medo de mim, que eu possa ir lá e quebrar o pé de todo mundo, mas não sou eu. Eu não consigo fazer essa porra.
“Na Austrália, o [Tafa] falou um monte de besteira de mim e eu senti que podia quebrar o pé dele, mas tem um negócio dentro de mim, sabe? Eu me sinto mal. Ele gritou e eu soltei. O próximo [Mayes] bateu uma vez só. Era para bater três vezes. Ele bateu uma vez e eu podia ir lá e quebrar o pé dele, mas eu me sinto mal. É uma lesão muito séria se você fizer isso, sabe? A vida é um bumerangue. Você faz o mal para a pessoa, você paga o preço lá na frente. Eu acredito em Deus, mas eu acredito que o inferno é na Terra também. Você vai pagar o preço aqui antes de morrer.”